Manhã cinzenta de sábado. Uma espécie de nevoeiro envolve a cidade. Convida ao recolhimento. Onde estás tu? Também recolhido? Tenho pensado muito no que me disseste. Sobre a “casca”, o refúgio melacólico que se torna agrádavel para ti. Um local seguro, conhecido. E percebo-te tão bem. Não tens carapaças sobresselentes…
Medos e couraças – lembras-te de como falámos disso? Couraças aquilo que nos protege de sermos magoados dizias-me tu. Às vezes penso que havia uma necessidade grande, inconsciente, de as retirarmos, de ver se era possível…e assim nos fomos despindo lentamente. Conheço-te o que me mostraste, o que te senti. E a intensidade dos sentimentos foi crescendo porque a alimentámos. Medo? Claro que amedrontava mas a sensação de bem estar era tão boa. A forma de comunicação que criamos, que descobrimos ultrapassou as palavras, o tempo, a distância. Comunhão de almas? Reencontros? Talvez. Estar contigo era de alguma forma estar comigo própria. A tua sensibilidade tocava suavemente nas minhas feridas. A tua crinça interior desafiava a minha. Não sei como tornámos possível o impossível.
O que te fez recolher? As luas, as marés, as conjunções planetárias, a realidade da vida? Uma palavra, um gesto? A tua natureza?
Sim eu sei(?) que não queres falar. Pergunto-me então porque estou eu aqui a falar. E não sei a resposta. Ou saberei?
Abro a janela e entrego à brisa suave que entra um beijo, uma carícia, uma ternura. Para levar até ti.
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